O papa Francisco pediu, na quarta-feira (4), que os líderes políticos da Indonésia se previnam contra o extremismo religioso, que, segundo ele, deturpa as crenças das pessoas por meio de “engano e violência”. A declaração foi feita durante uma viagem oficial de 12 dias ao Sudeste Asiático, em um discurso no Palácio Presidencial Merdeka, em Jacarta.
Em sua fala inicial, o pontífice destacou que a Igreja Católica vai intensificar seus esforços de diálogo inter-religioso na região, onde os cristãos representam uma pequena minoria, com o objetivo de ajudar a conter o extremismo. Ele ressaltou que o combate à intolerância passa pela eliminação de preconceitos e pela criação de um ambiente de respeito e confiança.
A Indonésia, que tem aproximadamente 280 milhões de habitantes, dos quais 87% são muçulmanos, garante a liberdade religiosa em sua constituição. No entanto, o país vem enfrentando episódios de violência extremista, como atentados suicidas realizados em 2021 e 2022 por grupos afiliados ao Jamaah Ansharut Daulah (JAD), ligados ao Estado Islâmico. Um desses ataques, ocorrido próximo à Páscoa de 2021, feriu ao menos 19 pessoas.
Durante a recepção ao papa, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, agradeceu a Francisco por seus apelos de cessar-fogo no conflito entre Israel e Gaza. Widodo, que deixará o cargo em outubro após 10 anos de mandato, elogiou a postura do Vaticano em favor da paz na Palestina e do apoio a uma solução de dois Estados.
O papa foi recebido por multidões que acenavam com bandeiras do Vaticano e da Indonésia na chegada ao palácio. Entre os presentes estava Dorothea Dawai, uma estudante de 10 anos, vestida com um kebaya verde, que aguardava para pedir uma bênção ao pontífice.
Devido a problemas de saúde, Francisco usou uma cadeira de rodas para se locomover e foi saudado por uma guarda de honra ao lado do presidente indonésio, antes de ambos seguirem para uma reunião privada. O ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, informou que, no encontro, o papa e Widodo não discutiram especificamente a guerra entre Israel e Gaza, mas trataram de forma geral sobre os conflitos e a importância da paz.
Embora o papa não tenha citado episódios de violência específicos em seu discurso, ele mencionou o extremismo, a intolerância e o uso indevido da religião para fomentar divisões e o ódio.
Essa visita faz parte de uma turnê que inclui também Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura, totalizando cerca de 33.000 km de viagem. O retorno do pontífice a Roma está previsto para o dia 13 de setembro.
Redação Exibir Gospel